sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Amor platônico




Por que amar
Pra que sofrer
Se faz chorar
Se faz doer
Simples seria demonstrar
Sem precisar se esconder
Se camuflar
Sem resolver

Amor é pra amar, sentir, mostrar
Sofrer é por querer
É covardar
É temer um bem querer.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Navio Negreiro


Trazida a força da Costa africana com apenas 13 anos de idade, mais uma força braçal para contribuir com o crescimento social da colonia portuguesa. Joaquina este era seu nome, menina simples e assustada que não entendia se quer uma palavra que aquele povo estranho dizia, só entendia apenas o sofrimento da dor.

Terra a vista, pé no chão e um brasileiro no ventre. Dentro de um mercado é escolhida para ser cozinheira, ama de leite e amante, servir uma casa domésticamente. Já na primeira residencia não é bem sucedida, pois a sinhá, mulher critica e muito ciumenta desconfia que o mulato é do marido, embora não seja, ela desconfia porque seu marido anda esticando os olhos para aquelas ancas encarnadas, como castigo vai conhecer a cantiga do chicote.

Resistindo ao ardor da pele negra, passa a noite no açoite e na manhã seguinte recomeça a labuta, triste cotidiano que até então o destino não lhe apresentara. Os meses passam e os castigos não cessam e cada vez mais se depara com as injustiças que seus conterrâneos sofrem.

Nove meses depois nasce a sobrevivente, concebida em alto mar e abençoada pela princesa de Aiocá. E assim junto com sua mãe, segue o destino de servir uma outra casa, de um outro senhor de engenho e dono de fazendas.

Melhor adaptada com os costumes da nova Terra, Maria é a mais nova ama de leite da casa e amamenta a criança branca como se ela fosse uma vaca holandesa, ofertando o seu leite que ajudará aquela criança branca e frágio a crescer com força.

E assim a vida segue seu percursso, os olhares do novo dono segue cada movimento que seu corpo faz, e aguarda ansiosamente uma oportunidade para saciar seu desejo. E é numa dessas noites quentes que a sinhá não está disposta, que o seu corpo servirá de acalanto.

Grávida agora de um menino, que a sinhá ainda não pôde ofertar ao marido, Maria enjoa pelos cantos da casa e reprimidamente sofre por temer a reação da dona da inhá, quando descobrir que ela espera menino e pior se ela desconfiar quem é o pai.

Impulsionada pelo medo, toma uma decisão. Fugir sem destino a procura de segurança e sossego. Após dias de fome e de frio com sua menina ao lado, ela encontra um povoado distante e é na paróquia que Joaquina pede abrigo.

Os sarcedotes ao depararem com a cena e com sua história, lhe oferece emprego em troca do abrido. O tempo passa e as crianças crescem, tornam - se mulatos bonitos e encorpados, a menina dona de uma beleza exótica encanta um branco de origem maçonica que não se casa com ela, mas que a sustenta numa fazenda no qual ela é dona. O rapaz cresce e vai embora do vilarejo para longe.

Maria agora é uma senhora que vive com um dos seus netos, e rodeada de bisnetos para eles, ela conta histórias e faz adivinhações e assim perdura as marcas que a colonização lhe deixou.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

SÓ QUEM É NORDESTINO ENTENDE

Botão é pitôco
Se é miúdo é pixototinho
Se é resto é cotôco
Tudo que é bom é massa
Tudo que é ruim é peba
Rir dos outros é mangar
Se é franzino é xôxo
O bobo se chama leso
E o medroso chama frouxo
Tá estranho tá tronxo
Vai sair diz vou chegar
Caba sem dinheiro é liso
Pernilongo é muriçoca
Chicote se chama açoite
Quem entra sem licença emburaca
Sinal de espanto é vôtes
Se tá folgado tá folote
Se a calça tá curta tá pega-bode
Quem tem sorte é cagado
Quem dá furo é fulero
Sujeira de olho é remela
Gente insistente é pegajosa
Agonia é aperreio
Meleca se chama catota
Gases se chamam bufa
Catinga de suor é inhaca
Mancha de pancada é roncha
Palhaçada é munganga
Desarrumado é malamanhado
Pessoa triste é borocoxô
É mesmo é Iapôis
Correr atrás de alguém é dar uma carrera
Passear é bater perna
Fofoca é babado resenha
Estouro se chama pipôco
Confusão é rolo
É assim mermo visse mainha?

Forró: Ritmo caliente como os nordetinos!!!


O significado da palavra não se sabe ao certo, pois há duas vertentes. Uma delas é baseada no povo Inglês que no período das construções das vias férreas brasileiras, estes povos se reuniam em alguns finais de tarde, início de noite e ofereciam uma festa FOR ALL, daí aportuguesando a palavra torna-se FORRÓ. Outra explicação é a derivação da palavra FORRÓ BODÓ, que em Yorubá significa confusão.

Embora tenha duas vertentes distintas não, este ritmo contagiou as pessoas e alegrou muitos casamentos na roça. O que não podia esperar, era que o som contagiante do triângulo, da zabumba e da sanfona pudesse perdurar por décadas e atingir públicos diversos.

Más inacreditavelmente, na década de1940 o ousado sanfoneiro e cantador Luiz Gonzaga, apresenta o ritmo marcante do sertão para o sudeste do Brasil, mais especificamente São Paulo e Rio de Janeiro, onde concentrava pequenos povoados de nordestinos.

Inicialmente o ritmo não foi bem aceito pelas classes burguesas da cidade, pois acostumados a venerarem os ritmos estrangeiros, eles achavam que o Forró era popular demais, algo pertencente aos caipiras do sertão. Segundo minha avó, somente se dançava forró na roça.

Com o passar dos tempos, a população nordestina elevou-se oferecendo força de trabalho para as metrópoles e o ritmo ganhou novos fãs, mas mesmo assim ainda é pauta para preconceitos de pessoas que não conhece sobre a história de uma raíz cultural brasileira que se expandiu por toda nação.

Embora alguns massificam este ritmo, incrementando- o com outros instrumentos não típicos do estilo e com letras vulgares, o verdadeiro forró ainda conta com um público fiel e que respeita as tradições do povo sertanejo.