Jovens se reúnem em projeto criado pela Unas que visa a integração deles na comunidade
O grupo Lata na Favela foi criado no ano de 2003, por educadores e alunos da UNAS. Este projeto foi idealizado a partir da extensão de outro projeto criado pelo arquiteto Ruy Ohtake, que visava a pintura das fachadas da casas do bairro com o intuito de deixar a comunidade mais alegre e colorida.
Com as latas de tinta vazias, os alunos criaram seus próprios instrumentos de percussão. “Sobravam muitas latas de tintas então foi pensando em usá-las para fazer ritmos”, afirma Rafael Carvalho, coordenador do grupo.
O Lata na Favela é um dos poucos grupos na comunidade que não visam o lucro, mas, sim, difundir a cultura para os moradores, além de ser uma manifestação cultural local, da qual todos têm acesso e cujo papel principal é difundir a comunidade e seus projetos.
“Fazer parte do grupo melhorou o meu relacionamento com as pessoas além de deixar minha mãe menos preocupada, antes eu ficava brincando na rua e agora minha mãe sabe que estou envolvida no ensaio quando não to na escola” diz a estudante Daiane de Almeida.
O grupo é composto por 25 jovens de 12 a 18 anos. Os ensaios acontecem dentro da comunidade e a administração das apresentações fica sob responsabilidade do Instituto. Os interessados entram em contato com a UNAS, a proposta é passada para o grupo, que faz todo um estudo do conteúdo a ser apresentado conforme o evento.
“A UNAS faz a gerência da apresentação e divulgação, além de ceder o espaço e os instrumentos para o grupo. As apresentações precisam ser marcadas com três semanas de antecedência, pois o grupo se reúne apenas uma vez por semana para ensaiar, porque muitos trabalham, estudam e fazem cursos extracurriculares”, explica o coordenador.
Como tudo começou?
As tonalidades que mudaram a aparência de Heliópolis
A idéia de colorir a comunidade Heliópolis deu-se a partir de uma declaração do arquiteto Ruy Othake durante uma entrevista ao afirmar que Heliópolis era a parte mais feia da cidade, devido as fachadas das casas apenas rebocadas e as vezes nem isso.
Ao ouvir o comentário feito pelo arquiteto, líderes comunitários da UNAS (União de Núcleos, Associações e Sociedade dos Moradores de Heliópolis e São João Clímaco) escreveram uma carta para o arquiteto. “Pensávamos que ele nem iria responder e, para nossa surpresa, não só respondeu como veio até aqui, conversou com a gente e propôs o projeto A Cor em Heliópolis”, conta Gerônimo Barbosa, mais conhecido como Gerô, diretor de comunicação da UNAS e coordenador do Projeto.
O arquiteto foi até Heliópolis, sentou com a liderança comunitária da UNAS e sugeriu colorir as fachadas das casas para melhorar a aparência do bairro. “Foi tudo muito planejado. Não é uma pintura qualquer, ele projetou uma obra de arte!” diz Gerô,
É claro que não seria possível pintar toda Heliópolis, a sugestão foi que a liderança comunitária indicasse duas ruas para dar início ao projeto. “Nós fizemos uma pesquisa sobre as cores de preferência de cada morador e o Sr. Rui foi em busca de patrocínio para o projeto”, explica o coordenador.
As ruas escolhidas foram a Rua da Mina, por ser uma rua “histórica”, onde se deu início a todas as organizações e benefícios da favela: creche, água, luz e substituição das casas de tábua por alvenaria, e a Rua Paraíba, que está sendo conhecida como “rua cultural de Heliópolis”.
O patrocínio veio através da Suvinil, que participou com as tintas e o reboco das fachadas, e do Banco Panamericano, que pagou a mão-de-obra de oito moradores para executar a reforma que durou oito meses e atendeu 280 casas.