Israel Lourenço da Silva, é um velho morador da região de Guaianases, que chegou ao bairro da capital paulistana no ano de 1946 com seu irmão de meio. Ao chegar no local do extremo leste da cidade com apenas 13 anos de idade seu Israel agora com 80 ,fala de sua trafetória na vida, deixou o sertão pernanbucano onde morava com seu pai, sua mãe e mais cinco irmãos num sitio que era da família, situado na cidade de Canhotinho, aproximadamente 80 mil km de Recife. Na pequena propriedade ele ajudava o pai na lavoura, plantando milho, arroz feijão, banana e mandioca era essa atividade rural que garantia o sustento da família, sua mãe era uma simples dona de casa enquanto o marido e os filhos trabalhavam na roça, ela cuidava apenas da casa e da comida. "Lá em baixa funda se comia muita fruta boa" se recorda seu Israel que trocou tudo para vir à São Paulo em busca de um sonho que hoje, ele afirma que foi uma ilusão.
Na chegada à capital, seu Israel se dirigiu a residencia do irmão mais velho, o lugar era praticamente inabitado. Haviam poucos moradores, como diz seu Israel "o humilde bairro era um paraíso", praticava todas as artes que a natureza lhe oferecia: se banhava todos os dias no riacho, pescava, caçava e quando tinha festas na casa dos amigos seu Israel conta que na volta pela madrugada, dormia pelas ruas pois não tinha problema algum.
Após se residir fixamente em Guaianases, no ano de 1954 foi a vez dos pais de seu Israel migrarem para a terra da garoa.Neste ano ocorre um acontecimento trágico para seu Israel, morre o seu ídolo Geúlio Vargas. Assunto que ele até hoje gosta de discutir, pois acredita que ele
não se suicidou e quem o matou pode ter sido Carlos Lacerda, segundo seu Israel, Vargas ganhou credibilidade por instalar os direitos dos cidadãos; como por exemplo o voto feminino. "Foi o melhor momento da política a ditadura de Getúlio, no qual o país se tornou mais fiel a si próprio."
O tempo foi passando e seu Israel começou a trabalhar atuou em diverssas áreas, foi ajudante de pedreiro, desentupidor de esgoto, segurança no instituto de previdencia do estado, local onde foi alfabetizado pois ele estudava durante o dia e trabalhava como guarda pela noite, e metalúrgico profissão no qual foi aposentado.
No instituto de previdencia do trabalho seu Israel conta que cuidava de todos os carros de luxo dos governantes da época das 19h as 6h da manhã, tais objetos pertencentes a Abreu Sodré, Reinaldo de Barros cunhado do dr. Adhemar de Barros, entre outros. Ficou lá alguns meses até um colega de trabalho lhe trapacear.
Ainda solteiro, ele conta com tristeza nos olhos que morou junto com uma mulher 26 anos já falecida e teve dois filhos que nasceram mortos. Atualmente seu Israel mora sozinho no mesmo sobrado que o irmão mais velho já falecido construiu.
Os hábitos do seu Israel são corriqueiros, acorda as 4h da manhã, prepara o café, faz o almoço, lava e passa, o único vicio do seu Israel é fumar, conta que desde os 8 anos de idade começou a fumar contra a vontade do pai e afirma que "cigarro mata, mas até agora não matou."
No seu pacato cotidiano seu Israel é um simples aposentado que reclama do reumatismo e das dores de coluna que sente de vez em quando e que para se distrair compra as telesenas para tentar ganhar as barras de ouro ofertadas por Sylvio Santos....Na mesma rua e na mesma praça a mais de 60 anos seu Israel comemora seu 81º aniversário com os amigos do bairro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário